Ivens Fontoura, grande mestre, crítico e entusiasta do design deixará saudades.

Na última quinta-feira, dia 30 de abril de 2020, o design brasileiro perdeu um de seus principais paladinos e o Centro Brasil Design perdeu um amigo, parceiro e incentivador. O professor, curador, crítico, designer e artista plástico, Ivens Fontoura, um dos grandes entusiastas do design, esteve presente em toda a história do CBD e, mais especificamente, em alguns projetos realizados em conjunto. Com sua experiência e contatos, pela boa prática que tinha em vários campos e com uma visão política do fazer design, contribuiu na consolidação do CBD.

Para o Presidente do CBD, Geraldo Pougy, “Ivens foi um amigo importante para o Centro de Design. Ajudou a dar profundidade aos nossos projetos e a ter visão do contexto latino-americano no qual tecnologia, design e cultura são entendidos de uma forma muito própria, muito interligada. Nesse contexto, o design trilha caminhos específicos e tem uma missão social a cumprir.” diz Pougy.

Foi assim quando em 2001 recebemos a tarefa de desenhar e implementar o Núcleo de Design do Linhão do Emprego, um programa da Prefeitura Municipal de Curitiba que tinha como propósito recuperar as áreas de invasão no entorno da cidade e oportunizar incubadoras para os pequenos empreendedores destas regiões. Eram os conhecidos Barracões Empresariais. O Núcleo de Design do Linhão do Emprego foi concebido em uma parceria entre Prefeitura, Centro Brasil Design e Universidades para apoiar estes empreendedores no design de seus pequenos negócios, fosse design de produto, moda, identidade ou embalagem. Os projetos eram desenvolvidos por estudantes da Universidade Tuiuti do Paraná, orientados por professores. O Ivens Fontoura, então com o chapéu de professor, ajudou o CBD a viabilizar a ideia, trouxe a Tuiuti para o projeto e orientou alunos e professores. Foi uma inciativa de sucesso com mais de 80 projetos desenvolvidos.

Também foi do Painel de Consultores do programa Paraná Design – uma iniciativa realizada no Estado do Paraná que apoiou o desenvolvimento de 54 produtos inovadores e de bom design pela indústria paranaense. O conselho orientava a equipe do CBD em questões estratégicas.

Em outro momento, ajudou a equipe do CBD na estruturação do site DesignBrasil – o portal brasileiro do design, e lá, além de ser do conselho editorial, contribuiu com a famosa coluna DesignDesigner publicada semanalmente com o mesmo conteúdo escrito com esmero para o Jornal O Estado do Paraná onde esteve ativo por 10 anos, de 1988 a 1998. O Ivens era um pesquisador nato, crítico e estudioso, tinha uma dedicação imensa na estruturação da coluna que sempre trouxe um riquíssimo conteúdo para a comunidade paranaense.

Os desafios não acabaram por aí, em 2010 o Centro Brasil Design consegue trazer para Curitiba a Bienal Brasileira de Design 2010 Curitiba. Sim, a Bienal retornava à casa, onde tinha sido realizada em 1990 e 1992 por Ivens Fontoura. As primeiras bienais de design do Brasil haviam sido esquecidas quando o Brasil retomou a Bienal de Design nos anos 2000 e coube ao CBD trazer esta história à tona e fazer jus aos seus pioneiros na mostra “Bienais de design: Primórdios de uma ideia”. Como curador adjunto da Bienal – que em 2010 teve curadoria de Adélia Borges, o Ivens nos ajudou a estruturar o passado, relatando as histórias das bienais de design dos anos 90 ao lado de Freddy Van Camp. Também trouxe à tona sua paixão, os jovens designers, na mostra Novíssimos.

Adélia Borges ressalta que “Ivens Fontoura foi uma verdadeira força da natureza! O que ele conseguiu sozinho são raros os que conseguem amparados por instituições e apoios. Persistência, entusiasmo e um profundo amor pelo design a meu ver foram seus principais “motores” profissionais. Chamada para fazer a curadoria geral da Bienal Brasileira de Design, organizada pelo super competente Centro Brasil Design – então Centro de Design do Paraná -, propus que no escopo das exposições entrasse uma que veio a se chamar “Bienais de Design: Primórdios de uma Ideia”. O trabalho de Ivens no início dos anos 1990 em Curitiba foi objeto dessa mostra, com curadoria de Freddy Van Camp. Mas é claro que não poderíamos prescindir da colaboração dele como sujeito. Como Ivens foi um grande incentivador do ensino de design, um ativista na área, decidimos chamá-lo para fazer a organização e curadoria da exposição “Novíssimos”. Nela, com seu habitual savoir-faire, nosso amigo reuniu 53 projetos de cinco regiões e 12 Estados do país, concebidos por estudantes ou recém-formados dentro do tema da sustentabilidade, que norteou aquela edição da Bienal. Nossa convivência ocorreu desde 1990, com múltiplos encontros em várias cidades, mas sem dúvida a Bienal 2010 foi o ápice desse relacionamento. Ivens deixa um enorme legado que nos cabe honrar em nosso dia a dia. E levar a tocha adiante!” diz Adélia.

O Ivens foi uma referência para todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo, com opiniões fortes, criatividade e um carinho imenso pelos jovens designers.

O Centro Brasil Design aprendeu muito com o amigo Ivens Fontoura, que deixa um legado ao design brasileiro e latino-americano.

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